É triste a sensação de impotência perante algumas situações tão humilhantes às quais esses nossos irmãozinhos se dispõem.
Dói pensar que essa doença do "ainda", se não for por mim levada a sério a todo instante, pode facilmente me subjugar a tais situações. Me expor às ruas, à imploração de trocados no farol, às histórias tristes sobre um fantasioso filho doente em casa que precisa de um remédio caro, aos furtos, às roupas judiadas e mal cheirosas, ao desprezo da sociedade que simplesmente fecha os olhos pra esses "caras estranhos".
Cada vez que avisto um irmão desses, agradeço a Deus por
Ontem, numa avenida do centro da cidade, um desses irmãos abordou uma senhora que estava dentro do seu carro parado. Eu estava saindo de um consultório com minha esposa e me atentei ao diálogo deles:
- Senhora, não precisa fechar o vidro não, meu interesse não é lhe fazer mal. Só queria uns trocados.
- Não tem nada, não, moço!
- Senhora, eu só queria um trocado pra comprar algo pra comer, eu estou nessa situação, mas eu sou boa gente. E, além do mais, eu também estou ajudando a senhora, que ao meu ver também é boa gente e está tendo a chance de provar isso.
A mulher fez um movimento de quem alcançou algumas moedas no console do carro, esticou a mão pelo vidro semiaberto e entregou algumas moedas ao rapaz que, antes de
sair, agradeceu o ato e pediu a Deus que a abençoasse.
Naquele momento, aquele cara estranho e maltrapilho fez com que aquela senhora e eu repensássemos nossas atitudes.
Será que eu estou fazendo tudo o que posso para ajudar o próximo? Ou ando desviando os olhos e fechando vidros por aí? Será que eu não quero pensar no fato que o que me separa dele é o comprimento do meu braço, já que, uma vez que eu aceite usar drogas novamente, caminharei ao lado dele?
E você, tem feito o quê?
Só por hoje!
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